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Crianças superprotegidas: como evitar esse tipo de criação + 5 dicas

01/04/2024

Qual a diferença entre cuidado e superproteção? 

Em que momento o excesso de zelo pode afetar o desenvolvimento das crianças?

Livrar os filhos de experiências negativas é uma prática que pode interferir não só na criação de uma criança segura e independente, mas refletir em uma maior insegurança dos pais. 

É justamente por isso que especialistas afirmam: dizer “não” é também dar a chance de aprender a lidar com a frustração. 

Mas não só isso. 

É ter o entendimento de que vida é fase boa e fase ruim.

E que para conquistar algum espaço, muitos erros e situações desconfortáveis vão, sim, acontecer. 

Neste artigo, veja quais são os principais sinais das crianças superprotegidas, os impactos no desenvolvimentos dos filhos e como oportunizar a tomada de autonomia de forma gradual aos pequenos. 

Os sinais de uma criação superprotetora 

A superproteção é um estilo educativo dos pais em que eles assumem parte das responsabilidades dos filhos e têm dificuldades de dizer “não”. 

Para evitar que eles sofram ou passem algum tipo de desconforto, esses pais ou responsáveis resolvem as tarefas e desafios que atravessam a rotina dos pequenos, sempre com o intuito de evitar o sofrimento. 

Conforme a diretora geral do Anglo Sorocaba, Carol Lyra, a pandemia favoreceu esse tipo de comportamento. 

“Depois do isolamento social, recebemos na escola crianças mais fragilizadas e com menos autonomia. Um reflexo direto das famílias que aumentaram a superproteção e atenderam os pedidos dos filhos com mais rapidez dentro de casa por medo que ficassem doentes”, pondera Carol. 

Na visão da diretora, os prejuízos dessa superproteção vêm de muitas formas, mas uma das mais evidentes é o controle da frustração.

A psicóloga e autora do livro Criança e Infância: Fundamentos Existenciais, Clínica e Orientações, Maria Beatriz Cytrynowicz, complementa que esse controle excessivo leva a maior incapacidade e insegurança da criança em lidar com questões da vida. 

Justamente por isso dizer “não” para um filho pode favorecer e aproximar outras possibilidades de lidar com situações. 

“Quando dizemos “não”, é não a algo, uma situação, uma escolha, um desejo e não simplesmente ao filho que quer algo. 

É importante que fique claro a que se refere aquela negativa e que há outros caminhos a encontrar”, disse em entrevista ao portal Gazeta do Povo.

Como identificar a diferença entre proteção e superproteção? 

Proteção, cuidado, afeto e amor são absolutamente fundamentais para a criação dos filhos.

A superproteção, entretanto, torna-se uma realidade quando não são oferecidas às crianças e adolescentes chances reais de aventurar-se no mundo por conta própria. 

Se você, por exemplo, não concede ao seu filho a chance de viver experiências autônomas ou situações que não estejam sob a sua supervisão, é bem possível que esteja criando uma criança superprotegida. 

Satisfazer as necessidades dos pequenos em excesso e não deixar que eles realizem pequenas atividades do dia a dia (mesmo tendo total condição para isso) também são alguns sinais de uma criação que excede o cuidado e vira superproteção.

5 dicas para evitar a superproteção e desenvolver a autonomia

Se você é pai ou mãe e se identifica com algumas características da criação superprotetora, não se preocupe. 

É possível reverter o quadro através do desenvolvimento da autonomia das crianças e adolescentes. 

Para a diretora do Anglo Sorocaba, Carol Lyra, trabalhar a autonomia das crianças é um passo fundamental para criar cidadãos seguros e com posturas íntegras na sociedade. 

“Do ponto de vista emocional esse processo é muito importante. É desenvolver a autoestima, a empatia e fazer com que esses seres humanos façam bem para si mesmos e para os outros”, finaliza. 

Abaixo,veja 5 dicas para desenvolver a autonomia das crianças. 

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1. Dialogue sobre controle emocional 

O controle emocional é uma habilidade fundamental para ser ensinada desde cedo. 

A criança que não consegue regular suas emoções está mais propensa a ter acessos de birra e mau comportamento na sala de aula ou em casa. 

Por isso, é importante dialogar com os filhos sobre como entender os sentimentos e explicar que alguns comportamentos podem estar ligados a emoções negativas, mas que elas são absolutamente normais na vida. 

Que tal ajudar os filhos a desenvolver estratégias para lidar com esse tipo de situação? 

Respirar fundo, ouvir música, pintar ou ir para um lugar mais calmo podem ser algumas práticas ensinadas aos pequenos que podem ajudar nesse processo.

2. Não faça para o seu filho o que ele pode fazer sozinho 

Durante o processo de desenvolvimento, evite fazer atividades que as crianças já conseguem realizar sozinhas. 

Escovar os dentes, se vestir ou até lavar a louça são alguns aprendizados que podem ser  “liberados” para as crianças darem conta sozinhas de forma gradual. 

Na correria do dia a dia, é comum que os pais acabem fazendo as tarefas para poupar tempo. 

Esse tipo de atitude, entretanto, acaba desestimulando a autonomia e tornando eles dependentes da sua ajuda. 

3. Dê a chance de a criança encontrar solução para os problemas

Cada situação que a criança precisa resolver é uma nova oportunidade para usar a criatividade e pensar em como solucionar determinada questão.  

Se ela não conseguir encaixar um bloco de brinquedo, por exemplo, deixe que ela tente mais vezes. 

Permita que a criança fracasse algumas tentativas, afinal, errar faz parte de qualquer processo de aprendizagem e é fundamental para o desenvolvimento da autonomia. 

Nesse mesmo processo, exercite a resiliência, confie na capacidade do seu filho e  diga que ele vai conseguir encaixar o bloco sozinho. 

Desta forma, ele vai entender que haverá outras chances e poderá reagir positivamente aprendendo com esse tipo de situação. 

4. Conceda ao seu filho o poder de escolha

Aprender a escolher desde cedo é fundamental para definir a personalidade e gostos da criança. Mais do que isso: é uma das bases da autonomia. 

Para trabalhar esse ponto, permita que a criança, desde cedo,  possa escolher qual fruta quer comer, o livro gostaria de ler, a cor da roupa que vai vestir, entre outras pequenas decisões que envolvem o dia a dia. 

É importante limitar, também, as opções para que ela não se sinta perdida. Amplie a lista de itens, conforme achar necessário. 

5. Se certifique de que a escola também trabalhe a autonomia

No processo de criação, é fundamental que escola e os pais trabalhem em harmonia. 

Por isso, certifique-se de que nas aulas e atividades extraclasses do seu filho, a independência também seja prioridade a ser exercitada. 

No Anglo Sorocaba, autonomia e responsabilidade são questões trabalhadas desde a Educação Infantil até o Ensino Médio

Por meio de diferentes atividades dentro e fora da sala de aula, eles são desafiados a resolver problemas sozinhos para, posteriormente, apresentar as soluções aos professores. 

Para crianças independentes, uma boa dose de coragem 

Como você pôde ver, trabalhar a autonomia da criança é uma das principais ferramentas para se desprender da superproteção e criar crianças e adolescentes mais seguros de si. 

Dizer não, estabelecer limites e propor que a criança faça determinadas atividades sozinha, pode se dar quando o adulto procura ouvir e compreender pedidos, mas ao mesmo tempo, mantém uma posição de referência como autoridade afetiva aos pedidos da criança. 

Lembre-se: você é pai/mãe, mas também é humano.

Mantenha um canal de diálogo sempre aberto com o seu filho, jogue limpo, seja, também vulnerável e, se alguma angústia bater, lembre-se da frase da jornalista Eliane Brum. 

“Assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.”


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