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05/12/2025
As ilustrações minimalistas de animais fofinhos conquistaram milhões de crianças e adolescentes ao redor do mundo. Os livros de colorir Bobbie Goods, criados pela ilustradora norte-americana Abbie Gouveia, viralizaram nas redes sociais e rapidamente se tornaram fenômeno editorial no Brasil, publicados pela HarperCollins. Com quatro volumes lançados desde 2021, a coleção encabeça listas de mais vendidos e representa muito mais que entretenimento: oferece um caminho para o desenvolvimento emocional, cognitivo e social.
O sucesso dessa proposta está diretamente ligado à busca por momentos offline, menos expostos ao fluxo acelerado das telas e mais voltados ao autocuidado. Pais e educadores têm percebido que atividades manuais funcionam como alternativas saudáveis para promover o bem-estar infantil em um mundo dominado pela tecnologia desde a primeira infância.
Colorir exige coordenação motora fina, controle dos movimentos das mãos e dedos, percepção visual, planejamento e tomada de decisões. A criança aprende a escolher cores, respeitar contornos e preencher espaços enquanto expressa emoções. Esses elementos preparam para a aprendizagem da escrita, desenvolvem foco e estimulam habilidades cognitivas ligadas à organização e resolução de problemas.
Carol Lyra, diretora geral do Colégio Anglo Sorocaba, em Sorocaba, observa que "atividades como colorir permitem que as crianças desenvolvam autonomia nas escolhas e aprendam a valorizar o processo criativo, não apenas o resultado final".
A atividade também funciona como estratégia de autorregulação emocional. Em momentos de ansiedade ou estresse, o ato repetitivo e ritmado de colorir ajuda a tranquilizar e recentrar a atenção. Essa experiência de "flow" — o engajamento profundo e prazeroso em uma tarefa — é fundamental para que a criança desenvolva autoestima, resiliência e senso de competência.
O uso excessivo de telas está associado a problemas de sono, déficit de atenção, dificuldade de interação social e atrasos na linguagem. Oferecer alternativas criativas que realmente atraiam as crianças tornou-se prioridade para famílias e escolas. A proposta visual dos Bobbie Goods, com sua "estética cozy" que remete ao conforto e à leveza, transforma o simples ato de colorir em um convite ao autocuidado.
Pais podem reservar parte do tempo livre — especialmente antes de dormir ou aos fins de semana — para essas atividades. A prática de colorir pode ser feita em família, tornando-se momento de convívio e afeto. Compartilhar ideias, trocar dicas de cores e elogiar os resultados uns dos outros reforça vínculos e estimula o diálogo entre pais e filhos.
A rotina escolar costuma ser intensa, com aulas, tarefas e atividades extracurriculares preenchendo o dia. Encontrar espaços de pausa que favoreçam a expressão livre e a imaginação se torna essencial para o equilíbrio emocional. O ideal é que as crianças tenham acesso a esse tipo de atividade desde cedo, com materiais adaptados às suas faixas etárias.
Professores podem utilizar os livros como recursos de transição entre atividades, incentivo ao foco ou acolhimento emocional. A ferramenta funciona como estratégia de apoio, especialmente para crianças com dificuldades emocionais ou de interação social. É uma forma de comunicação não verbal que permite expressar o que nem sempre se consegue dizer em palavras.
As imagens delicadas dos livros Bobbie Goods ativam memórias afetivas e estados de relaxamento. Os desenhos de ursos, coelhos e gatos em cenas cotidianas despertam empatia e curiosidade, promovendo uma experiência sensorial completa. O papel de alta gramatura permite o uso de diferentes materiais, tornando cada página uma descoberta.
Ao vivenciar momentos de concentração e satisfação com uma tarefa, a criança aprende que pode concluir desafios, fazer escolhas e produzir algo bonito com suas próprias mãos. Esse senso de realização é fundamental para a construção da autoconfiança e para o desenvolvimento de habilidades socioemocionais cada vez mais valorizadas na educação contemporânea.
Apesar de todos os benefícios, a exposição em redes sociais e o surgimento de técnicas de pintura sofisticadas podem criar pressão por resultados estéticos perfeitos. Crianças e adolescentes podem se sentir inadequados ao comparar seus trabalhos com produções de adultos ou profissionais. Pais e educadores devem reforçar que o valor da atividade está no processo criativo, não no produto final.
O acesso a materiais também merece atenção. A criatividade pode acontecer com papel sulfite, lápis de cor e canetinhas simples. O importante é o espaço de expressão, a liberdade de experimentar e a segurança para errar e tentar de novo. Bobbie Goods pode ser inspiração, mas não deve se tornar padrão inatingível ou fonte de frustração.
Abbie Gouveia lançou o primeiro volume em 2021 como projeto pessoal. Os desenhos simples e carismáticos conquistaram seguidores nas redes sociais e motivaram a criadora a fundar uma editora familiar. Para tornar os livros acessíveis internacionalmente, ela fechou parceria com a HarperCollins, escolhendo o Brasil como primeiro país fora dos Estados Unidos a receber a coleção oficialmente.
O sucesso comercial reflete uma mudança de comportamento nas famílias. Os seis volumes que ocuparam simultaneamente as dez primeiras posições no ranking da PublishNews demonstram que pais buscam ativamente ferramentas para desacelerar o ritmo da infância, criar momentos de conexão e oferecer alternativas saudáveis ao entretenimento digital. "Proporcionar experiências criativas no cotidiano das crianças é investir em seu desenvolvimento integral e em sua capacidade de lidar com desafios futuros", reforça Carol Lyra.
Para saber mais sobre Bobbie Goods, visite https://www.educamaisbrasil.com.br/educacao/dicas/o-que-sao-bobbie-goods e https://www.cnnbrasil.com.br/educacao/livros-de-colorir-melhoram-desempenho-escolar-apontam-especialistas/