01/04/2024
O primeiro absorvente descartável, igual aos que vemos nas prateleiras das farmácias, foi criado no início do século XX. E é bem capaz que ele ainda esteja em decomposição, em alguma nascente ou oceano.
90% da composição de absorventes é feita de plástico, que demora mais de 400 anos para se decompor, segundo levantamento feito pelo Instituto Akatu.
E, além do tempo, sua quantidade também é grande: levando em conta que, da primeira menstruação até a menopausa, são utilizados cerca de 10.000 absorventes, estamos falando de mais de 150kg de lixo ao longo da vida.
Em tempos de preocupação com a sustentabilidade, muitas pessoas passaram a repensar o uso do absorvente descartável.
E a melhor opção para isso é optar por absorventes sustentáveis.
Neste artigo, vamos mostrar as opções que existem de absorventes sustentáveis no mercado e porque os descartáveis estão cada vez mais no passado.
Ah, e vale aproveitar para pensar também em outro tema importante: a dignidade menstrual.
Vamos nessa?
Vimos no início do texto que a quantidade de lixo que produzimos com absorventes descartáveis é significativa.
Mas, não é só esse prejuízo que eles trazem para a mesa.
Se pensarmos do ponto de vista financeiro, considerando um custo médio de R$ 0,60 por absorvente, chegamos ao valor alarmante de R$ 6.000,00 gastos nesses produtos.
Além disso, os absorventes descartáveis também são responsáveis por alergias, que geralmente são causadas pelo aumento da temperatura e da umidade que o produto traz.
Quando olhamos para os absorventes sustentáveis, por outro lado, vemos que eles trazem segurança e muito mais conforto nesse aspecto já que, além de não terem cola adesiva, a maioria é feita a partir de materiais hipoalergênicos.
Sem contar o cheiro incômodo que os absorventes descartáveis causam durante a menstruação.
Quando o sangue entra em contato com o ar e com os materiais químicos presentes nesses produtos, o sangue começa a se oxidar e, consequentemente, produzir um odor mais forte.
E, por serem pouco respiráveis, tornam a região abafada, úmida e ideal para a proliferação de bactérias.
O absorvente sustentável também é uma boa alternativa para isso, uma vez que é mais respirável, independente do tipo que você escolha utilizar.
Uma das opções mais conhecidas no mercado hoje em dia é o coletor menstrual.
Seus primeiros modelos foram criados em 1930, mas foi apenas no século XXI que os “copinhos”, nome informal muito utilizado, caíram no gosto do público.
Ele é feito de um silicone medicinal que não causa alergia e pode ser utilizado por uma média de oito horas por vez, dependendo da intensidade do fluxo menstrual.
Durante o dia, pode ser esvaziado e limpo com água e sabão.
Ao final e início de cada ciclo, recomenda-se ferver durante cinco minutos em água – de preferência em uma panela de cerâmica, utilizada apenas para isso.
Você encontra os coletores menstruais em diversas cores e tamanhos, que devem ser ajustados de acordo com a intensidade do seu fluxo e altura do colo do útero. Os preços variam de R$30 a R$100.
Algumas das marcas mais conhecidas desse produto são a Inciclo, Korui e Fleurity. Além da opção de comprar online, muitas empresas vendem seus produtos em farmácias.
O que mais chama a atenção é sua durabilidade. Alguns copinhos podem ficar com você por até 10 anos!
Vale pontuar que o coletor menstrual produz um vácuo ao ser inserido e, por isso, algumas pessoas que já sofrem com cólicas relatam uma leve piora.
Nessa situação, uma alternativa é utilizar o disco menstrual, uma variação do copinho.
Ele funciona com a mesma dinâmica do coletor, mas sem produzir um vácuo ao ser inserido.
É encontrado no mercado brasileiro por preços entre R$49 e R$89 e tem durabilidade média de 3 anos.
Já mulheres que utilizam DIU (dispositivo intra-uterino) como método anticonceptivo devem conversar com seus médicos antes de utilizar o copinho.
Aparenta ser uma calcinha comum, mas conta com um tecido reforçado que segura o fluxo menstrual e o impede de vazar para as roupas.
Ela é reutilizável e pode ser lavada no banho ou em máquina de lavar (utilizando ciclo para peças delicadas).
Diversas marcas trabalham com modelos modernos e até parcerias com outras marcas de roupa famosas, como a Pantys.
Assim como o coletor, há opções de diferentes calcinhas para cada tipo de fluxo. Os preços variam de R$49 a R$139 e podem ser reutilizadas por até 2 anos.
Ah! E para a galera que está indo passar férias na praia ou pratica natação como esporte, algumas marcas já estão produzindo os biquínis e maiôs menstruais.
Assim como a calcinha, essas roupas de banho possuem reforço para evitar que o fluxo vaze. Além de prático, são modelos lindos – confira alguns da Herself e da Hermosa Free.
Assim como as fraldas de pano, a preocupação com a quantidade de lixo produzido por absorventes descartáveis trouxe de volta os absorventes de pano, que com certeza sua avó já ouviu falar.
Com um design anatômico e tecido mais moderno, os absorventes de pano estão conquistando o coração de muitas mulheres.
Pode ser lavado no banho ou em máquina de lavar e mantém a pele seca sem abafar, ao contrário da maioria dos absorventes descartáveis.
Caso sejam preservados sempre da maneira correta, podem durar até 5 anos e são encontrados nas mais diversas estampas, cores e tamanhos.
Além de comprar eles de marcas próprias, você também pode tentar fazer o seu em casa! Só dar uma olhada nesse vídeo explicativo.
Uma opção ainda pouco conhecida no mercado brasileiro é a esponja menstrual, que é similar a um absorvente interno.
Para usá-la, basta mergulhá-la em água quente, espremer e inserir no canal vaginal.
Deve ser removida em duas ou três horas e tem uma vida de 6 a 12 meses.
Dignidade menstrual prega que todas as pessoas que menstruam têm direito a acessar produtos e condições de higiene adequados. Já é considerado direito humano pela ONU.
Em enquete realizada pelo UNICEF, 62% afirmam que já deixaram de ir à escola ou a algum outro lugar que gostam por causa da menstruação, e 73% sentiram constrangimento nesses ambientes.
E ainda algumas culturas tratam a menstruação como um tabu.
A UNICEF apontou que na Índia, 71% não sabem o que é menstruação até terem o primeiro ciclo. E na Colômbia, 45% das garotas não sabem de onde vem o sangue menstrual, e 20% o consideram sujo.
Então, além do impacto ambiental que já pontuamos bastante, os absorventes sustentáveis se mostram benéficos nestes cenários.
Eles promovem uma melhoria na distribuição de métodos menstruais e diminuem os altos custos logísticos da entrega mensal de absorventes para diversas pessoas, já que alguns podem ser reutilizados por muitos anos.
Então, a Secretaria da Educação do Estado de São Paulo (Seduc-SP) criou um programa com essa finalidade chamado Dignidade Íntima, que conta com o Anglo como um dos apoiadores.
Em parceria com a Central Única de Favelas (CUFA), com a campanha Compre Um, Doe Um, os alunos podem doar absorventes para pessoas que menstruam e estão em situação de vulnerabilidade.
Se você ou alguém próximo menstrua, que tal dar uma chance para alguma das alternativas apresentadas aqui? Sua saúde, seu bolso e o planeta agradecem!