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17/10/2025
Dores de cabeça antes das aulas, desânimo repentino, irritação sem motivo aparente ou isolamento dentro de casa podem ser sinais de que algo não vai bem. Muitas vezes, o comportamento das crianças e adolescentes revela o que eles ainda não conseguem expressar em palavras. Por isso, perceber e compreender essas mudanças é fundamental tanto para a família quanto para a escola, que convivem diariamente com o aluno e podem agir de forma preventiva.
As mudanças de comportamento são formas de comunicação. Quando uma criança ou um jovem altera de maneira significativa seus hábitos, humor ou atitudes, o corpo e as emoções estão tentando dizer algo. Esses sinais merecem atenção, porque costumam indicar desconfortos emocionais, sociais ou até físicos que precisam ser compreendidos e acolhidos.
Um estudante que antes era participativo e passa a se isolar, ou que demonstrava tranquilidade e agora apresenta crises de choro, pode estar enfrentando algo que ultrapassa o simples “não querer ir à escola”. Alterações persistentes de humor, regressões comportamentais, recusa em participar de atividades ou queixas frequentes de dor sem causa aparente são alertas importantes.
Nem sempre a origem de um comportamento diferente é clara. Questões emocionais, conflitos familiares, dificuldades de aprendizagem, medo de errar, bullying, perda de um ente querido ou até uma mudança de rotina podem desencadear reações inesperadas. Crianças e adolescentes estão em formação e ainda não possuem recursos emocionais maduros para lidar com frustrações e inseguranças.
Na fase escolar, também existe a influência do ambiente social. A convivência com colegas, as regras, as cobranças e o desejo de pertencer a um grupo geram experiências intensas. Se o estudante sente que não se encaixa ou não é compreendido, pode reagir com apatia, rebeldia ou isolamento.
De acordo com profissionais da área da saúde mental, observar o comportamento é um passo essencial para evitar que pequenas alterações se transformem em quadros mais sérios, como ansiedade, depressão ou dificuldades de socialização.
O olhar atento da família e da escola é decisivo. Os adultos próximos à criança ou ao adolescente são os primeiros a perceber mudanças no padrão habitual. O diálogo é a principal ferramenta nesse processo. Ouvir com paciência e sem julgamentos cria um ambiente seguro para que o jovem se abra e expresse o que sente.
Frases acolhedoras, como “estou percebendo que algo mudou, quer conversar sobre isso?”, costumam gerar mais abertura do que cobranças ou críticas. O objetivo não é forçar uma explicação imediata, mas mostrar disponibilidade e cuidado. “Quando os pais e educadores se unem para entender o que está por trás de um comportamento, demonstram que o bem-estar do aluno é prioridade”, afirma Carol Lyra, diretora geral do Colégio Anglo Sorocaba.
Esse tipo de sensibilidade ajuda a transformar o olhar sobre o problema. Em vez de julgar a atitude como desobediência, busca-se compreender o que ela comunica. Essa mudança de perspectiva é essencial para criar um ambiente emocionalmente saudável e respeitoso.
Toda criança passa por fases de maior agitação, tristeza ou introspecção. O que deve acender o alerta é a duração e a intensidade dessas alterações. Quando um comportamento diferente se repete por várias semanas, interfere na rotina escolar ou familiar e afeta o convívio, é hora de buscar ajuda.
O acompanhamento psicológico pode ser indicado não apenas para o aluno, mas também para orientar a família sobre como lidar com as situações do dia a dia. Em muitos casos, o simples ato de acolher e escutar já reduz o sofrimento e abre espaço para o equilíbrio emocional.
Os professores, por estarem em contato diário com os alunos, também são peças importantes na observação. Eles percebem variações no rendimento, na interação com colegas e na postura em sala de aula. Quando a comunicação entre casa e escola é constante, é possível compreender melhor o que está acontecendo e agir de maneira mais assertiva.
O comportamento infantil e juvenil é influenciado por fatores biológicos, psicológicos e sociais. Entre os mais comuns estão o sono insuficiente, o uso excessivo de telas, a alimentação inadequada e a falta de atividades físicas. Todos esses elementos afetam o humor e a concentração.
Outros aspectos, como a chegada da puberdade, a pressão por resultados e as comparações com colegas, também podem gerar ansiedade. É fundamental que o jovem aprenda a reconhecer suas emoções e tenha espaço para falar sobre o que o incomoda, sem medo de punições ou críticas. “Observar o comportamento é uma forma de cuidado. É entender que cada reação tem uma história e que o diálogo é o caminho para compreender o que está acontecendo”, afirma Carol Lyra.
Tanto em casa quanto na escola, criar um ambiente de escuta é essencial. A criança precisa sentir que pode errar, desabafar e ser ouvida sem medo. Isso fortalece a autoestima e reduz a probabilidade de que os problemas emocionais se agravem.
A rotina também tem papel fundamental. Horários estáveis para dormir, estudar e se alimentar trazem segurança e previsibilidade, ajudando a estabilizar o comportamento. Pequenas mudanças, como dedicar alguns minutos diários para conversar sobre o dia, podem fazer grande diferença.
A empatia deve estar presente em cada interação. Crianças e adolescentes estão em processo de formação emocional e precisam de adultos que sirvam de referência, não de juízes. A forma como os pais e educadores lidam com as próprias emoções é um exemplo silencioso que ensina muito mais do que palavras.
Quanto antes os sinais são identificados, maiores as chances de resolver o problema com leveza. A observação atenta não significa desconfiança, mas cuidado. Em vez de tentar “corrigir” o comportamento, o foco deve estar em compreender suas causas.
Para saber mais sobre escola, visite https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/meu-filho-nao-quer-ir-a-escola-especialista-explica-como-agir,78850eac24db6d18f88080691f6cd9d7a67kwmtt.html#google_vignette e https://sunkids.com.br/blogs/blog-sunkids/meu-filho-nao-quer-ir-pra-escola-o-que-fazer?utm_term=1pz6hmvvo_1748473698498