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pai e filha vendo celular

Ensinar segurança digital às crianças

17/09/2025

O aumento do tempo que crianças e adolescentes passam conectados trouxe inúmeros benefícios educacionais e sociais, mas também abriu espaço para riscos antes inexistentes. Entre eles, o cyberbullying ocupa lugar de destaque. Ofensas, ameaças e humilhações deixaram de acontecer apenas no ambiente físico e passaram a circular livremente por aplicativos, redes sociais e jogos online. O impacto emocional e psicológico dessa violência digital pode ser profundo e duradouro, tornando urgente que as famílias aprendam a orientar seus filhos sobre segurança digital.

Dados de organizações internacionais, como a Unicef, mostram que milhões de crianças sofrem algum tipo de violência virtual todos os anos. A facilidade de acesso a smartphones e redes sociais contribui para que meninos e meninas fiquem expostos a conteúdos inadequados, interações perigosas e situações de humilhação pública.

Além disso, o cyberbullying não respeita fronteiras de tempo e espaço. Ao contrário do bullying presencial, ele pode atingir a vítima a qualquer momento, inclusive dentro de casa, por meio de mensagens, grupos e postagens que viralizam rapidamente. Isso aumenta a sensação de impotência e solidão, dificultando a reação das crianças e tornando essencial que os pais atuem de forma preventiva.

Crianças e adolescentes vítimas de cyberbullying apresentam sinais que vão muito além do incômodo momentâneo. Estudos apontam relação direta entre a violência digital e o desenvolvimento de ansiedade, depressão, queda no desempenho escolar, isolamento social e alterações de sono e apetite. Em casos graves, há risco de automutilação e ideação suicida. A diretora Carol Lyra, do Colégio Anglo Sorocaba, alerta para a importância da escuta atenta: “Muitos jovens não contam o que estão vivendo por medo de serem punidos ou de perderem o acesso à internet. É fundamental que as famílias criem um ambiente de confiança para que eles sintam segurança em pedir ajuda”.

 

Sinais de que a criança pode estar sofrendo violência virtual

Nem sempre os filhos contam aos pais quando são vítimas de cyberbullying. Por isso, observar mudanças comportamentais é essencial. Entre os sinais que merecem atenção estão:

Evitar o uso do celular ou computador sem explicação clara.

Alterações no humor após acessar redes sociais ou jogos online.

Queda repentina no rendimento escolar.

Distanciamento de amigos e familiares.

Comentários autodepreciativos ou crises de choro frequentes.

Exclusão de contas e perfis em redes sociais sem aviso prévio.

Quando esses sinais aparecem, o diálogo deve vir antes de qualquer atitude punitiva. O objetivo é mostrar que a criança não está sozinha e que existem formas de resolver a situação com segurança.

Como orientar as crianças sobre segurança digital

Ensinar hábitos digitais responsáveis é uma das formas mais eficazes de prevenir o cyberbullying. As orientações devem começar cedo, adaptadas à idade e ao grau de maturidade da criança. Algumas práticas recomendadas incluem:

1) Manter perfis privados e não aceitar solicitações de amizade de desconhecidos.

2) Evitar divulgar informações pessoais como endereço, telefone e rotina da família.

3) Desconfiar de links e mensagens suspeitas, mesmo que venham de conhecidos.

4) Nunca compartilhar fotos íntimas ou conteúdos que possam expor colegas e amigos.

5) Conversar com um adulto de confiança diante de qualquer situação desconfortável online.

6) Bloquear e denunciar agressores em plataformas digitais.

7) Limitar o tempo de uso para reduzir a exposição a ambientes tóxicos.


De acordo com Carol Lyra, “a segurança digital não deve ser tratada apenas como uma lista de regras, mas como uma habilidade de vida. Crianças que entendem os riscos e aprendem a se proteger se tornam adultos mais conscientes online”.


Construindo um ambiente familiar de confiança

O diálogo aberto é a ferramenta mais poderosa para a prevenção. Quando os filhos sabem que podem conversar com os pais sem medo de julgamentos ou punições, tendem a relatar situações de risco mais rapidamente. Algumas estratégias importantes são:

Perguntar sobre a vida online da criança com interesse genuíno.

Estabelecer combinados sobre o uso de redes sociais, em vez de impor regras sem explicações.

Compartilhar experiências pessoais sobre erros e aprendizados na internet.

Ensinar que pedir ajuda não é sinal de fraqueza, mas de inteligência e responsabilidade.

Monitorar a atividade digital é válido, mas deve ser feito de forma equilibrada. Vigilância excessiva pode gerar distanciamento, enquanto acompanhamento respeitoso cria oportunidades para conversas educativas.

Embora a educação digital comece em casa, as escolas podem reforçar valores importantes como respeito, empatia e cidadania online. Debates, palestras e rodas de conversa sobre o tema ajudam a conscientizar crianças e adolescentes sobre os impactos do cyberbullying e sobre como agir diante de situações de risco.

As instituições também podem orientar professores e funcionários a identificar sinais de violência virtual, oferecendo canais de acolhimento para vítimas e encaminhamento adequado dos casos.

Quando família e escola atuam juntas, a prevenção se torna mais eficaz e o ambiente escolar, físico ou digital, tende a ser mais seguro e acolhedor.

Aspectos legais e proteção jurídica

No Brasil, o cyberbullying pode ser enquadrado em diferentes crimes previstos no Código Penal, como calúnia, difamação, injúria e ameaça. Em casos que envolvem motivação racial, religiosa ou étnica, as penas são mais severas.

A Lei 13.185/2015, conhecida como Lei de Combate à Intimidação Sistemática, prevê medidas educativas e punitivas para escolas, clubes e associações, tornando obrigatória a adoção de estratégias de prevenção e combate ao bullying e ao cyberbullying.

Além disso, a Lei 13.772/2018 criminaliza a divulgação de imagens íntimas sem consentimento, prática que também pode ocorrer em ambientes escolares e virtuais.

Conhecer essas leis ajuda as famílias a entender que a violência digital não é apenas um problema moral ou ético, mas também uma questão legal que pode resultar em processos judiciais.

Como agir quando o filho é vítima

Caso a criança seja alvo de cyberbullying, os pais devem agir com rapidez e empatia:

Acolher emocionalmente a vítima, reforçando que ela não tem culpa.

Registrar provas das agressões, como mensagens, prints e links.

Bloquear os agressores nas redes sociais e aplicativos.

Notificar a escola, se houver envolvimento de colegas.

Registrar boletim de ocorrência em casos de ameaças, calúnias ou exposição de imagens.

Buscar apoio psicológico, já que o impacto emocional pode ser profundo.

Acompanhamento constante e comunicação aberta ajudam a vítima a recuperar a segurança e a autoestima.

Ensinar crianças e adolescentes sobre segurança digital é uma necessidade urgente. O ambiente online oferece oportunidades incríveis de aprendizado e interação, mas também exige responsabilidade, cuidado e consciência.

Para saber mais sobre cyberbullying, visite https://www.todamateria.com.br/cyberbullying/ e https://mundoeducacao.uol.com.br/sociologia/cyberbullying.htm



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